Como acompanhar e desenvolver estudos sobre a abundância e movimentação de animais que possuem uma capacidade deslocamento tão grande quanto as aves?
Para contornar este problema, foi criada, há cerca de 100 anos, a prática do anilhamento, nome dado ao conjunto de atividades de captura, identificação, marcação e soltura de aves silvestres, visando a construção de conhecimento sobre as populações estudadas.
Os anéis de marcação utilizados (as chamadas anilhas) são confeccionados em diversos materiais (como aço, alumínio, plástico, etc.) e contém informações sobre como identificar individualmente aquela ave e mesmo como avisar o anilhador ou sistema responsável pelo seu anilhamento, permitindo que qualquer pessoa, ao encontrar esse animal, contribua com a pesquisa desenvolvida informando a situação e local em que a ave foi encontrada.
Inicialmente desenvolvida como uma prática destinada a auxiliar estudos relacionados à dispersão de aves migratórias, o anilhamento tem sido cada vez mais utilizado por pesquisadores em todo o mundo, ampliando também o seu horizonte de aplicações como método de pesquisa científica.
Hoje, além de pesquisas sobre dispersão de aves migratórias, é possível utilizar a prática do anilhamento para auxiliar estudos relacionados ao comportamento, estrutura social, dinâmica de populações, sucesso reprodutivo, monitoramento ambiental, toxicologia e sobrevivência de aves silvestres.
Os resultados destas pesquisas contribuíram para a adoção de importantes medidas de conservação em todo o mundo, incluindo a criação de áreas de proteção ambiental, controle de espécies-praga, estabelecimento de períodos de defeso e proibição do uso de substâncias nocivas, como o DDT (Dicloro-difenil-tricloroetano), defensivo agrícola que se acumula no ambiente e, causando o enfraquecimento da casca dos ovos, causa também o declínio populacional de algumas espécies de aves.
A ABFPAR realiza, através de seus associados registrados como anilhadores junto ao Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Silvestres – CEMAVE / IBAMA, atividades de anilhamento de aves de rapina, contribuindo para a conservação das aves brasileiras e dos ambientes dos quais elas dependem.
A ABFPAR é também responsável pelo aperfeiçoamento de armadilhas e métodos de captura de aves de rapina comumente utilizados ao redor do mundo, adaptando-os às características especificas das aves brasileiras, aumentando a eficiência e segurança do manejo destes animais.
Hoje, graças ao trabalho de anilhamento desenvolvido por associados da ABFPAR e à ajuda de pesquisadores e particulares que nos informam sobre a presença de aves anilhadas, já é possível acompanhar e desenvolver estudos próprios sobre as relações entre reprodução e dispersão das aves anilhadas.
Exemplares de Rupornis magnirostris (gavião-carijó), por exemplo, foram anilhados por associados da ABFPAR no ninho, ainda filhotes, e já foram localizados reproduzindo-se com sucesso em outras regiões, fornecendo importantes informações sobre sua biologia, comportamento e atividade ao longo dos anos.
Assim, se você encontrar ou souber de alguém que encontrou uma ave anilhada, mesmo que ela esteja ferida ou morta, não perca tempo, comunique imediatamente o anilhador responsável através do endereço gravado na anilha. Agindo assim, você estará ajudando na construção de novos conhecimentos sobre os nossos animais e sobre a forma como eles se relacionam com o meio em que vivem.
Entre as espécies anilhadas por membros da ABFPAR estão